Viver sempre também cansa
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é azul, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
(...)
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era humano
morrer um bocadinho,
de vez em quando
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses, morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não vou ressuscitar
por uma bagatela.
(...)
"Viver sempre também cansa"
José Gomes Ferreira
José Gomes Ferreira
http://go-fuck-your-selfs-dudes.blogspot.com/2010/04/o-meu-primeiro-selo.html
ResponderEliminareu adoro o teu blog, e adoro as tuas imagens inês, adoro-te!